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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Meia Maratona Rock & Roll - Manual de como não correr uma meia maratona

Ou qualquer outra prova


A preparação para a esta meia maratona começou ainda em Maio, quando iniciei uma série de treinos longos de 15/16 kms nas manhãs de fim de semana. Foi um namoro de Verão com a minha endurance. Duas semanas antes do dia D tinha feito os 21 quilómetros, a uma passada 5:52 por km , o que me deu a autoconfiança que conseguiria fazer a prova sem parar. O último treino de 16 quilómetros, foi bom para treinar a evolução do ritmo na prova.

Assim, com os resultados dos treinos estava decidido a fazer os primeiros quilómetros da prova a um ritmo lento (6 e picos) e ir acelerando até aos 5:30's por volta dos 10 kms.

Acordei cedo, ou melhor o Sargentão do clube de corrida acordou-me cedo com um SMS agressivo, e preparei-me dos pés à cabeça, passando pelas funções escatológicas e pela colocação de pensos nos mamilos em jeito de soutien BDSM para evitar assaduras. Mas, já la vamos. Sai de casa...

Ah bolas, esqueci-me da garrafa de bebida isotónica que bebo sempre antes da prova, ajuda a hidratar e dá energia para os primeiros quilómetros. Azar... siga em frente.

Trouxe duas barritas de cereais, era para comer só uma meia hora antes da partida, mas dado que eram pequenas comi as duas...

A inexperiência tem destas coisas e, por motivos que não interessam ao menino Jesus, cheguei tarde ao tabuleiro da ponte e ao reparar que a partida para a meia maratona estava iminente desatei a correr até à linha de partida, e ainda acelerei mais quando vi uma horda de corredores da mini maratona, a galgarem o tabuleiro num frenesim desenfreado. Foi um quilometro a subir em 5:15, e ainda não tinha passado a partida. Nada parecido com o planeado pois não?



Segui mais uns quilómetros, todo contente, num ritmo acelerado, a ultrapassar e cumprimentar colegas do trabalho, a meter-me com as meninas da salsa. A vida corria bem e o tabuleiro a descer ajudava.

Ora, eis que noto que os meus atacadores estão desapertados, mando os meus companheiros continuarem a correr, e chego-me à lateral para apertar os sapatos. De seguida, nada melhor que um sprint avenida abaixo para os apanhar.

Os quilómetros vão passando, e por volta do 6º, passo por um colega grande numa passada pesada, e motivo-o "bora lá!" ao que ele me responde: "Ainda faltam muitos quilómetros." - Mal eu sabia.

Ao longo da prova, várias bandas iam tocando: Brian Adams (não me lembro da musica lamechas), Pearl

Porém... todavia... ao nono quilometro começo a sentir uma dorzita abdominal do lado esquerdo, e não, não era intestinal... Dor de burro? porque seria? Aguentei a dor até ao quilometro 11, aí tive que parar e começar a andar. Depois, de beber a água, o meu estômago parecia uma bola que a cada passada parecia prestes a rebentar.

A marcha continuou até ao quilometro 16 e foi aqui que ouço uma voz grossa atrás de mim a motivar: "Vamos lá!" - Era o colega que tinha passado no inicio que me estava a passar ao mesmo ritmo vagaroso mas inexorável. Ainda o tentei acompanhar mas, arrastava-me e depois... como dizer... regurgitei a barra de cereais - peço desde já desculpa os leitores mais sensíveis pelas imagens invocadas na mente




Continuei  neste ritmo até sensivelmente ao quilometro 18, quando recomeço a correr muito lentamente ao principio e de forma entusiástica nos dois últimos quilómetros que fiz em 6:58 - o que implica uma média de 3:29 por quilometro, lembram-se dos 5:50 planeados no inicio da prova?


Se durante a prova várias bandas tocavam exitos do Rock: Brian Adams (Blargh - Summer of 68),  Pearl Jam (Better man), Xutos (Contentores) e uma das minhas preferidas, na versão do Eddy Vedder "You got to hide your love away", no preciso momento em que corto a meta, ouço os Xutos a cantarem:

Nunca dei um passo 
Que fosse correcto 


Ri-me de mim próprio perante a ironia do momento. O verso era uma metáfora da minha prova...

Depois dos alongamentos e de uns minutos deitado, a sangrar dos mamilos porque os pensos caíram durante a corrida e  a afogar-me lentamente numa poça de auto-comiseração, levantei-me, e dirigi-me para casa pensar no que é que tinha corrido mal.



Enfim, considero uma derrota, mas: meia maratona da próxima eu apanho-te.

11 comentários:

  1. Muito bom! :)
    Nem quis acreditar quando olhei para trás e vi que tinhas parado para apertar os atacadores!
    Enfim, para a próxima corre melhor!
    Fotos muito giras!

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    1. Bigada, as fotos só foram possíveis porque andei a passo durante uma série de kms e estava fresco no fim. Enfim

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  2. Vou-me chibar com o teu SMS no meu relato da maratona. Estou já a avisar... lol

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  3. Parabéns Zémi! Mesmo com "passos errados" e pausas para atacadores.
    A próxima apanha-la! :)

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    1. Obrigado Rute(?!), mas terminei com a sensação de prova não superada. Da próxima... sigo as tuas indicações ;)

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  4. Eu acho que a culpa foi das meninas da salsa! :)

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    1. Eu não queria dizer nada, mas no final da meia da ponte 25 de Abril havia animação de salsa... just saying... ;) Além disso é menos cansativo

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  5. Zé, utiliza a experiência adquirida para as próximas corridas! Poderás tornar esta experiência muito útil.
    Diverte-te :)
    Abraço

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    1. Joel, grande abraço. É isso mesmo da próxima sai melhor

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