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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Maratona: 30 kms depois a indecisão mantém-se



Tal como falei aqui ontem, hoje foi dia de fazer um treino de 30 quilómetros. O objectivo, além do óbvio, que é treinar, passava por perceber  a minha condição nessa distância para me ajudar a perceber se a inscrição na Maratona de Lisboa é uma opção válida ou se me devo ficar pela Meia-Maratona.
 
O dia começou bem cedo, quando o despertador tocou às 5h30. O ponto de encontro só estava marcado para as 7h e a partida para as 7h30, mas quis ter tempo para comer à vontade e fazer as coisas com calma. Tomei um pequeno-almoço reforçado, preparei tudo o que havia a preparar e lá fui.
 
Uma das coisas que maior indecisão me causou foi o método de hidratação. Se a parte de reforço energético ficou facilmente resolvida com um cinto de triatlo, estive até à última a decidir entre um cinto com garrafas ou uma mochila estilo camelbak. Acabei por decidir-me pelo cinto e acho que fiz bem.
 
Para este treino apareceram três atletas para os 30 kms e outros três para metade dessa distância. Aqui do Team JRR fui eu e o Pedro T. para os 30 e o Joel para os 15. Às 7h35 arrancámos pelo Passeio Marítimo de Oeiras, praticamente vazio, apenas salpicado com uns quantos corredores como nós e mais alguns ciclistas de fim-de-semana. Começámos num ritmo baixo e fomos conversando e até que, quase sem dar conta, atingimos o primeiro ponto de retorno aos 7,5 kms, na Cruz Quebrada. O ritmo mantinha-se baixo e toda a gente estava bem fisicamente. Na segunda passagem pelo Passeio Marítimo de Oeiras, já com 1 hora de corrida, já havia mais gente, não só a fazer desporto, mas também a passear. Ainda assim havia espaço suficiente para corrermos à vontade.

Ao chegarmos ao ponto de partida, o pessoal dos 15 kms decidiu aumentar o ritmo e fazer um sprint final. Nós, com um objectivo diferente, mantivémos o nosso ritmo e continuámos. Por essa altura sentia-me bem. Estava dentro da minha zona de conforto e ainda não tinha sequer recorrido ao gel energético ou ao isotónico. Aos 17 quilómetros, mais numa de prevenir uma quebra, fiz o primeiro reforço. Ainda bem. Sentia-me bem e continuei a sentir-me até ao 2º retorno, com 23 kms, no Estoril. Estava para breve o início do meu sofrimento.
 
Logo à saída do Estoril, com 24 kms, comecei a pensar que seria boa altura para fazer uma segunda toma de gel energético. Mas sentia-me bem e achei que não haveria necessidade. Arrependi-me pouco depois. Aos 26 kms perdi uns 10 metros face aos meus parceiros de corrida e já não os consegui apanhar. Eles iam ali à mão de semear, mas eu não conseguia dar um pequeno esticão que fosse para os alcançar. Mas estava a correr ao ritmo deles, apenas um pouco atrás. Teria sido uma boa altura para tomar o gel e mais um pouco de isotónico... Não o fiz... Porquê? Não sei. Pensava nisso a cada quilómetro, mas já estava num sofrimento tão grande que achava que se dispensasse atenção e energias para isso ficaria ainda pior...
 
Os quilómetros iam-se sucedendo e já via a "meta" ao longo, o Forte da Barra, de onde tínhamos partido. Doí-me tudo dos joelhos para baixo, mas a vontade fez-me correr sem parar. Chegámos ao fim com o objectivo cumprido de fazer 30 kms a correr. Demorámos 2h56m, mas o tempo era o menos importante.
 
Assim que parei de correr comecei a sentir fraqueza. Só pensava em comer e beber. Tomei - finalmente - o segundo gel e o resto da bebida isotónica que tinha comigo. Aos poucos fui recuperando e consegui alongar. Entre os três as palavras trocadas eram poucas, cada um tentava recuperar do esforço à sua maneira. Das primeiras coisas que todos dissémos foi "Correu bem, mas ainda faltam 12 kms para a acabar a Maratona. Como seria o resto?"
 
Esse é um bom pensamento. Eu, pessoalmente, estava de rastos. Mas também acho que aguentava esse sofrimento durante esses 12 kms, até porque da próxima vez não cometerei o mesmo erro ao nível da alimentação e hidratação. Fisicamente as dores eram superáveis e a nível de cardio estava muito bem. O ritmo baixo ajudou a isso, assim com o óptimo tempo que apanhámos, nem frio, nem calor, nem chuva, nem vento. Em Outubro não deverá ser assim...
 
Doze horas depois de terminar o treino, o corpo ainda se queixa. Dói-me quase tudo dos joelhos para baixo, gémeos, tendão de Aquiles e pés. Fiz duas ou três bolhas, mas nada de grave, e fiquei com umas assaduras na cintura, por causa do cinto das garrafas, e também nas axilas - esta é nova para mim. De resto até não estou mal.
 
Concluíndo, estou mais inclinado para ir à Maratona do que à Meia, mas quero - e penso que os meus companheiros deste treino também - confirmar esta prestação. É quase certo que faremos pelo menos mais um treino destes até Setembro e talvez até lhe acrescentemos alguns quilómetros, para ficarmos mais perto dos 42. E queremos também ver como a coisa corre com mais calor, pois em Outubro não devemos apanhar uma manhã como a de hoje...
 
Fica o resumo do treino.

3 comentários:

  1. Na minha modesta opinião, acho que quem faz 30 em treino, faz a Maratona, desde que esteja mentalmente focado nesse objectivo.
    Qualquer um que não tenha distância de Maratona, a partir dos 30 é sofrer, sofrer, mas se se está mentalizado na meta, NADA nos pára.
    A minha foi uma festa até aos 30. Aí, bati de caras no muro, passei mal mas nunca me passou pela cabeça desistir. Depois do que se passa nos treinos e na corrida, vamos desistir? Nunca!
    E para primeira, temos que nos preocupar com tudo menos tempos. O objectivo supremo é o momento mágico de cortar meta, sensação que nunca mais nos larga. Portanto, se ao ritmo do treino de hoje, fores uns 10 segundos mais lento por km, mais lento do que o habitual, a quebra virá sempre mais tarde, o que é uma preciosa ajuda.

    Eu não duvidava. Quem a 4 meses do grande dia faz 30 kms, está preparado para uma Maratona, desde que estes meses sejam de preparação constante, fisica e mentalmente.

    Um abraço e vemo-nos na partida! :)

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    1. Boas João
      Na verdade também acredito que até ontem, sem qualquer treino prévio, teria conseguido acabar os 42 kms. Seria em sofrimento, mas acabaria.
      Acho que na prova de Outubro vai contar muito a parte mental. Nos 30 kms estaremos em Santa Apolónia (mais ou menos) e já muito "perto" de chegar ao fim. Parece ridículo, mas ao fim de 30 kms, fazer mais 12 até nem parece assim tanto...

      Obrigado pelos conselhos. É uma honra contar com a ajuda de alguém com a sua experiência nas corridas.

      Abraço e bons treinos

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  2. Rui: Parece-me que se mantiveres a regularidade habitual dos treinos, com mais 1 ou 2 treinos longos (30 ou mais kms) e com um ritmo médio de 5m50s/6m00s por km fazes bem a maratona :)

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